A estrada boa





Eu já falei sobre merecer os dias ruins, neste post AQUI. Mas dias ruins são dias em que mesmo não dando tudo certo, você está ok por dentro. Porém, existem dias que tudo está do avesso, por fora e por dentro. Dias péssimos, que você gostaria de deletar, de não ter vivido. Você até tenta se enganar dizendo que logo passa, mas só piora. É um dia em que NADA parece certo. Todo mundo já levou um pé na bunda do crush, já teve engolir o que sentia quando se declarou e a pessoa acabou o relacionamento, já esteve de luto, já foi despedido sem motivo, já foi rejeitado/ofendido por alguém que amava, já foi traído por um grande amigo, já bateu o carro, já perdeu dinheiro, já teve um dia em que tudo saiu do controle; ou todas essas coisas, como já aconteceu comigo. Não sou supersticiosa, mas às vezes parece bruxaria! E daí, vou sentar e chorar?! Ok, por um momento ok, senta e chora. Valendo. Põe essa raiva pra fora. Chora um dia inteiro, até a cabeça explodir. Mas depois a vida tem que seguir, né?! Não sabe como?! Eu também não, afinal não tem receita de bolo pra vida ficar feliz de novo. A vida bate em cada um de um jeito, com intensidades diferentes para cada um; tem gente mais evoluída que não se deixa abater em dias ruins. Mas a maioria das pessoas que eu conheço é sensível o bastante para sentir o impacto dos sentimentos ruins, e fica triste, pra baixo, desiludida. De novo, eu não sou psicóloga, nem coaching, nem nada disso. Mas resolvi reunir meu expertise em bad days pra criar esse texto:  A RECEITA DA ESTRADA BOA.

Desde pequena eu tenho uma dificuldade tremenda em viajar de carona. Não é frescura, se eu sentar atrás em um carro eu fico tonta, com dor de cabeça, enjoada, e quase sempre vomito. Já botei o gerente da empresa viajando atrás porque eu precisava sentar na frente. Mas e como eu resolvo isso quando não tem outro jeito?! Eu busquei me conhecer. Essa coisa de ser estrangeiro de si mesmo não é comigo. Eu conheço minhas reações. Então, se por acaso eu tenho de viajar atrás, do tipo, não tem outro jeito, eu já sei que preciso escorar a cabeça, tomar um remédio pra dor, ficar quieta, sem movimentos bruscos, não mexer no celular, ter água a mão, e de preferência, conseguir dormir, ou pelo menos ficar de olhos fechados. Porque cheiros pioram tudo, então se eu ficar acordada e sentir cheiro de zorrilho, já era. 

Então, voltando aos bad days, nos dias muito muito muito péssimos eu aprendi que a gente tem que chorar, sim. Botar pra fora as lágrimas, a raiva. Depois, tomar um bom banho. Eu juro, um banho ajuda infinitamente. Demora o tempo que precisar, usa o melhor sabonete, óleo de banho, o que for preciso, mas sai do banho de alma lavada. Coloca uma roupa solta, porque ninguém precisa de roupa apertada quando o coração já tá apertado por si só. No meu caso, beber só piora tudo. Então quando a coisa tá muito feia, eu evito beber, porque sei que vou piorar meu estado, e a ressaca depois pode pôr tudo a perder. Muitas vezes, uma playlist calma e alegre ajuda; mas dependendo se as músicas vão te fazer lembrar o motivo da dor, então, sem música. Muitas vezes é melhor ficar sozinho pra sofrer, porque ninguém precisa ser testemunha, concordo; mas ter um abraço amigo nessas horas ajuda MUITO. Espero que você tenha alguém que você não precise nem chamar e esteja ali pra você, nem que seja pra ficar mudo e calado, mas te dar a mão e dizer que vai ficar tudo bem. Se essa pessoa puder fazer uma comidinha leve pra você, bom também, mas independentemente de ser comida pronta ou feita em casa, você precisa comer; saco vazio não para em pé, ou seja, você não vai resolver seus problemas ficando em jejum; só vai estar fraco quando precisar realmente resolvê-los. Pode tomar sorvete, pode fazer brigadeiro, até porque doces vão aumentar a sensação de prazer e diminuir um pouco o cortisol, que está ajudando a reforçar a sensação da bad. Sou contra remédios assim como beber nesse caso, mas se o sono estiver sendo afastado por sua cabeça que não consegue parar de pensar, tá liberado tomar algo pra dormir, seja remédio para gripe ou uma dose de whiskey (nunca os dois juntos, por favor). Escrever me ajuda a focar em outra coisa, assim como me concentrar em outra atividade. Normalmente a gente não consegue fazer muita coisa nessas horas, mas se você puder, faça algo, de preferência braçal e repetitivo que não te deixe pensar; vale paciência, palavra cruzada, escrever, olhar série, recortar coisas, arrumar seus livros, dar uma volta na quadra caminhando... Algo que tire a dor do foco. E durma. Durma dois dias seguidos se precisar. Se dê ao luxo de não atender o telefone, de não responder as mensagens, e, principalmente, de não se sentir culpado. Muitas pessoas ficam na bad porque se sentem culpadas. E nem sempre tudo depende somente da gente. As vezes a gente faz a nossa parte mas precisa esperar a outra parte reagir também. Isso não te exime da responsabilidade pela sua vida, mas se sentir culpado é que não ajuda mesmo. Depois que isso passar e você se sentir melhor, você senta, põe os problemas em foco e resolve, com a cabeça fria. Mas na hora do turbilhão, esquece. Na hora do turbilhão, ora. Chorando, ora. Seja lá qual for sua religião, existe um Ser maior que nós, e ele sempre nos escuta, mas você precisa falar com Ele. Faça as pazes com ele, faça as pazes com você mesmo, e quem sabe, a próxima viagem seja em uma estrada melhor. 


Esse post é a minha receita... Qual é a sua?! Conta pra gente! Ah, obrigadíssima pelos mais de 9.000 acessos no blog! Vocês são demais!!!
 

Comentários

Postar um comentário

Obrigada por seu comentário!