Assistência técnica

Interior de Cachoeira do Sul, fazendo contagem de plantas num metro quadrado, em lavoura de arroz.


Como venho compartilhando, tenho pensado muito na assistência técnica que prestamos. Inevitavelmente me surgiu uma inquietação bem grande: minha geração, tão tecnológica, tem sido um pouco arrogante. A gente consulta tudo no smartphone rapidamente, não existem barreiras para a informação, isso é verdade. Mas será que estamos entregando o que o produtor almeja?!
Vejo a assistência como uma oportunidade de entrar na realidade do produtor, olhar seu histórico, sua área, ele abrir a guarda para a conversa franca e contar o que incomoda. Eu acredito que o bom agrônomo (ou técnico) que presta assistência está preocupado em entregar uma solução para o produtor, não apenas um produto. E para entregar uma solução, é preciso entender bem mais do que somente de lavoura; é preciso saber do tempo, do mercado, do câmbio, da política, das notícias internacionais... Mas afinal, como uma jazida de potássio recém descoberta afetará o produtor que eu atendo?! Como será que um embargo da Russia à carne de porco afetará a lavoura de milho?! Estudar, planejar, se antecipar é fundamental em tempos e volatilidade. É preciso entender de finanças, moedas, contabilidade, depreciação, financiamento. Ser profundo naquilo que fala e explica.
Vejo muitos amigos se especializarem em uma área somente, e faz sentido se a carreira envolve pesquisa, desenvolvimento e áreas do gênero, mas deixar de lado o desenvolvimento da parte comercial é perigoso, numa economia tão incerta como a brasileira. Aliás, entender da parte comercial ajuda a articular melhor os argumentos, mas isso não significa tentar "dobrar" o produtor, mas oferecer realmente aquilo que ele precisa diante de tantas opções, compor a solução mais adequada. Não adianta, por menor e menos assediado que o produtor seja, hoje em dia ele tem um mínimo de informação, e o conhecimento da experiência no campo. Querer iludir alguém hoje com promessas de produtos milagrosos é uma armadilha de curta duração. As tecnologias são do mercado, afinal, com tantas aquisições e fusões, os ativos químicos passam de uma para empresa outra rapidamente, então mais do que se agarrar em marcas, é preciso compreender profundamente o que aquele ativo significa em contato com a planta, o solo, o microclima de determinada região.
Por isso, eu acredito que para uma boa assistência técnica são necessárias poucas coisas:
Planejamento - saber quem é o cliente, características da região, da lavoura/fazenda, da cultura/raça; falar a linguagem do cliente; traçar rotas adequadas; saber se o cliente prefere ser atendido no escritório ou na lavoura.
Conhecimento - saber ofertar a melhor solução ao cliente, não a mais barata nem a mais cara, mas aquela que vai atender o que o cliente deseja obter, não o que você acha.
Ferramentas - sejam elas tecnológicas ou antigas, se o cliente precisa de ajuda pra vacinar o gado não adianta um aplicativo top; se o cliente precisa regular a plantadeira e você não tiver trena e canivete, pode ter o celular mais top, ninguém vai te ouvir; as ferramentas ajudam sim, mas você precisa saber usá-las.
Metodologia - pode chamar de RTR, vistoria, agenda técnica, dossiê, planilhas... A forma não importa, mas é preciso registrar de forma padronizada as visitas, pois quem não mensura não consegue modificar. 
Diferenciais - acho que assiduidade, educação, postura, pontualidade não diferenciam ninguém, aliás, são valores mínimos que eu espero de um profissional; mas tem de existir algo que você ofereça que ninguém tem igual, seja seu conhecimento numa cultura de outra região, seja uma receita diferente, uma viagem que você traga como bom exemplo, algo que faça o produtor preferir você.

Esses são alguns pontos que eu acredito que constituem uma boa assistência técnica... E você, como faz?! Tem mais algum pra me contar?! Comenta aí.


Comentários

  1. Parabéns, excelente texto Noelle. Acredito que muitos dos nossos colegas sejam vendedores e não solucionadores ou suporte técnico do produtor. Acredito que se tivermos poucos clientes e muito conhecimento dos mesmos, entregaremos um trabalho de fundamento juntamente com as metas da empresa onde trabalhamos.
    Parabéns mais uma vez.... Grande abs e sucesso !!

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  2. Boas considerações para uma boa assistência técnica. Hoje vejo ainda um incremento de inovação dentro destes pontos.

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