Alcoólatras, psicopatas e outros viajantes

Como voltei a fazer minha agenda esse mês, concentrei muitas atividades em minha sede, podendo desfrutar um pouco menos da estrada, digamos assim. Aproveitei o final de semana para o dolce far niente da leitura + filmes + ócio criativo. Minha lista de livros para ler está em: 14 para serem lidos, 02 para serem terminados e alguns para releitura. Isto, porque de sexta para sábado devorei "A garota no trem" (Paula Hawkins, editora Record). Confesso que eu esperava uma narrativa um pouco diferente, afinal, a mídia nos trouxe a maravilhosa atriz Emily Blunt no papel principal, nos fazendo acreditar ser um thriller psicológico de arrepiar. O livro é realmente chocante, os personagens são todos densos, todos sem exceção com transtornos psicológicos, alguns latentes, outros já ativos. Confesso que no livro isso fica mais claro que no filme, que eu obviamente fui buscar para assistir após ler o livro. O filme é dirigido por Tate Taylor, e eu recomendo para quem não quer ler o livro, pois ele é bem fiel. Quem fizer como eu, ler o livro e assistir o filme talvez também se decepcione um pouco, mas nada que impeça de aproveitar. Também no final de semana, entendiada das mesmas séries, mergulhei fundo em Mindhunter, série baseada também num livro (dos autores John Douglas e Mark Olshaker, publicado no Brasil pela editora Intrínseca), que conta a história de dois agente do FBI em busca de compreender a mente dos assassinos em sequência, que mais tarde eles cunhariam como serial killers. Eu não assisto filmes de terror e suspense (por motivos de que não consigo dormir depois), então fui bem receosa nessa escolha. Porém, me surpreendi. A série mostra pouco sangue, concentrando na história dos agentes, como suas vidas foram convergindo para esse tema, nos agentes entrevistando e estudando o comportamento desses assassinos, buscando estabelecer entre eles correlações, chegando enfim a métodos de avaliação. Não li o livro que inspirou a série, mas li "A sangue frio" (Truman Capote, editora Random House) o considerado primeiro romance não ficcional ou romance documentário, que narra o assassinato de uma família no interior do Kansas e a investigação lenta até a prisão dos culpados, que assassinaram a família a sangue frio. Embora essa não seja minha habitual base de leitura, e alguns relances em psicologia, digamos assim, me postei a pensar bastante sobre os temas, como sociopatia, psicopatia, transtornos diversos. 
Os impulsos que levam alguém a agir ora de um jeito, ora de outro, muitas vezes não são claros sequer pra quem comete o ato, haja visto que muitos distúrbios são negados por quem é acometido por eles. Às vezes demoram bastante a se tornarem perceptíveis, às vezes são bem demonstrados desde cedo. Muitas vezes são traços da personalidade que se agravam ou se mostram conforme situações “gatilho” desencadeiam os mesmos, e estes "gatilhos" podem variar infinitamente, desde inveja, sentimentos de rejeição, stress ou humilhação. Não sou especialista no assunto, nem sequer psicóloga, mas entendo do que já vi e vivi em diversas situações. É difícil compreender algo que não era evidente, e de repente se torna real. Porém, muitas vezes, os abusos podem ser infinitamente mais sutis. Ou ainda piores, com desfechos mais trágicos, como em "A garota no trem". Espero que minhas percepções sobre os livros, filme e série sirvam aos amigos.
E você, tem algo no gênero para me indicar?! Já leu/assistiu algum desses?!





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