As estradas do agro


É uma ensolarada manhã de domingo em que dirigi até outra cidade para almoçar com amigos. Acordei em um hotel, de uma cidade que basicamente gira em torno da agricultura ou indústrias e empresas ligadas à ela. Para mim, é quase impossível não associar o agronegócio a minha realidade: a lanolina que compõe o sabonete que lavo as mãos vem da gordura extraída da lã de ovelhas, os lençóis e toalhas compostos de algodão, o amido de milho no creme dental, as frutas no café da manhã, o trigo no pão, os cereais, ovos mexidos, café passado, bolos... É quase uma sinfonia composta de itens do agro. Mas a música ainda está prestes a começar de verdade, estes foram apenas os acordes iniciais... Ainda não são 10 horas quando pego a estrada, serão pouco mais de 100 km, e logo na saída observo um posto de combustíveis cheio de caminhões estacionados no pátio, homens que conduzem nossa produção em estradas precárias, longe de suas famílias nesse domingo, assim como eu. Faço o contorno do trevo, e as lavouras começam a aparecer; em uma das primeiras lavouras vejo o trigo sendo colhido, talvez devido ao clima não tenha pH adequado para virar o pão nosso de cada dia, mas servirá então para ração dos animais que farão parte também de nossas refeições. Vejo distribuição de calcário a lanço ao longe, e em outra propriedade vejo escarificador incorporando calcário mais adiante, vejo milho crescendo em todos os estádios fenológicos, dos iniciais até próximo do estádio reprodutivo. Vejo soja sendo semeada, vejo canola e aveia também sendo colhidas, vejo a generosa camada de palha no leito de semeadura e sei que a soja terá umidade para germinar, ainda que não tenhamos certeza se haverá chuva durante seu crescimento. Vejo caminhões de adubo na beira das lavouras para abastecer as plantadeiras, vejo máquinas circulando nas estradas, vejo pulverizadores realizando a dessecação. A estrada me conduz por cidades que se formaram e evoluíram através da agricultura. Vejo fachadas de empresas, que amanhã cedo continuarão construindo máquinas e abrigando insumos, empregando pessoas em prol do agro. Alguns de nós temos o privilégio de ouvir a terra chamando, de entendermos o que as plantas precisam, temos a grata de missão de ajudar o cultivo em todo o seu desenvolvimento. Tudo isso eu vi de dentro do carro, eu senti em mim, e sorria a cada maquinário, a cada paisagem sendo modificada pela fé do homem na transformação da semente em alimento. É impossível não ver poesia naquilo que amamos fazer, assim como é impossível não parar na estrada para fotografar uma lavoura de girassol ao fim da tarde. Quem apenas passa na estrada pode se estressar com o trânsito de máquinas agrícolas no acostamento, exigindo redução da velocidade... Mas quem compreende a sinfonia, sorri e acena para os companheiros de jornada do agro.

Existe flor mais linda?! A-M-O girassol.

A lavoura estava em um estádio já próximo da colheita (com grãos cheios),
mas ainda haviam flores com pétalas para serem fotografadas.


Plantio de soja no Planalto do RS, em uma linda manhã de sol.


RESUMO DE QUILÔMETROS DO FINAL DE SEMANA: 350 KM


E você, consegue ouvir a sinfonia que os campos têm?! Ou a sinfonia que sua atividade tem?! Onde você vê beleza na sua atividade?! Conta pra mim! Bom fim de domingo!

Comentários

  1. Eu amo a sinfonia que os campos tem!!! Eu vejo a beleza em cada semente germinada e em cada açao bem realizada! s2
    Adorei Nono!! Bjos

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