Tecnologia X Empatia

Carros autônomos, sensores de estacionamento. Maçãs geneticamente modificadas que não oxidam, frutas sem sementes. Microcirurgia realizadas por nano robôs, robôs aquáticos despoluentes. Pendrive de 12 Tera, armazenamento em nuvem. Negócios baseados em plataformas, varejo baseado em experiência do cliente. O futuro é agora. Vivemos uma era de avanços instantâneos, e avanços que não permitem retrocesso. Aos 13 anos eu escutava a rádio em Itaqui e gravava músicas em fitas K7 no meu som, apertando os botões “play” e “REC” (Talvez os mais jovens tenham dificuldade em imaginar esse cenário, mas é real). Hoje eu entro no carro, um sensor apita para que eu coloque o cinto de segurança, ativo o Bluetooth e sincronizo com o rádio do carro, e seleciono a playlist do Spotify que me convém, mesmo off-line, pois já fiz o download da mesma em casa, com Wi-Fi (talvez os mais velhos tenham dificuldade com a linguagem nessa parte). Há quem diga que seremos substituídos por máquinas, mas David Deming pesquisou por mais de 30 anos as habilidades sociais no trabalho, e publicou em maio o estudo em que conclui que as atividades que combinam conhecimentos técnicos com interação humana tem crescente demanda. E a gente pensando que bastava diploma, não é mesmo?! Ah, e experiência na área. E falar inglês. E mandar bem no pacote Office, Corel e AutoCAD. Hoje em dia, para ser bom profissional, há que ser boa pessoa. Hã?! Pois é... Eu não estudei Pedagogia mas me arrisco dizer que a liberdade com que a nova geração utiliza a internet e as tecnologias toma o tempo que seria necessário a desenvolver outras habilidades. Será que a nova geração sabe o que é Caligrafia?! Os jovens que me desculpem, mas saber escrever é fundamental. E não estou falando de texto, estou falando de escrever algo a mão além de assinar o nome. Eles não escrevem, portanto tem letra “de garrancho”. Não escrevem, e não lêem, e só utilizam linguagem da internet e abreviação, e temos um colapso do português: a desilusão ortográfico-amorosa, onde a pessoa pode ser linda mas escreve “agente”. Não, querido, a gente não vai se encontrar. E não sabendo ler, nem escrever, consequentemente não sabem interpretar. Analfabetismo funcional atinge mais de 90% da população brasileira. E se não sabem interpretar palavras, como interpretar sentimentos, expressões?! Ok, não sou tão cética assim, sei que existem outras formas de desenvolver raciocínio e habilidades. Porém, eu me questiono, se entre um iPad e um Xbox consegue-se desenvolver habilidades sociais como empatia, flexibilidade, cooperação, para citar as palavras-chave descritas no estudo de Harvard. Porque eu vejo as crianças aprenderem automaticamente a mexer em telas touch screen, enquanto lembro as horas repetindo as palavras no caderno de caligrafia, e os ditados para aprender a diferença entre GxJ. Tenho receio da geração que assumirá cargos importantes em alguns anos; Coordenar equipes, enfrentar uma crise financeira sem cortes de pessoal, demitir uma pessoa com 30 anos de empresa, como será feito?! Sabemos que é preciso conviver com gente para tornar-se gente. Nem tudo se aprende na realidade virtual, é necessário praticar ao vivo. Como se colocar no lugar do outro e compreendê-lo?! Seremos liderados por líderes humanos ou comandados por tiranos robotizados?! A boa notícia é que podemos aprender, sempre é tempo. A internet disponibiliza conteúdos dos mais diversos, pasmem, livros digitalizados para ler, incluindo gramáticas para aprender o português! Tia Nonô torce para que a nova geração aprenda o deleite de se receber uma carta escrita à mão.

Para quem ainda tem dificuldade com a diferença entre Simpatia e Empatia, a internet que disponibiliza os conteúdos mais diversos, nos traz um vídeo da Brené Brown sobre Empatia: