Extensa intensidade

“Você sabia que as pessoas ansiosas não puxam assunto por medo de estarem incomodando?
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Você sabia que as pessoas ansiosas interpretam erroneamente frases, atitudes, gestos, e pensam que foram pra ela?
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Você sabia que as pessoas ansiosas tem dificuldade em ouvir NÃO, e por isso elas nunca pedem ajuda? E você sabia que as pessoas ansiosas tem dificuldade em dizer NÃO, justamente, porque elas sabem o quanto o não dói pra elas então elas não querem que a outra pessoa sofra ouvindo um NÃO?
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Você Sabia que uma pessoa ansiosa tem medo de perder uma pessoa querida e por isso ela está sempre demonstrando o que sente por essa pessoa?!
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Você sabia que ansiedade vai além de um simples frio na barriga?”
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(“Desabafo de Clarisse sobre ansiedade”, no canal da Clarisse, no Youtube)

Uma amiga me marcou nesse vídeo divulgado no Facebook me pedindo ajuda, pois estava achando que tinha ansiedade. Eu disse, amiga, senta aqui, vamos conversar...

Certa vez eu li que ansiedade é preocupar-se demasiadamente com o futuro, com algo que nem sabemos se vai ocorrer. Remorso é preocupar-se demasiadamente com algo que já aconteceu, e não pode ser modificado. Em ambos, não vivemos o presente. Ambos, são características de pessoas muito intensas, que sentem bastante e muitas vezes tem dificuldade em racionalizar os sentimentos. Muito prazer! Eu sou ansiosa!

Mas você vai dizer que ansiedade é normal, que todo mundo se sente ansioso diante de situações adversas, antes de provas ou entrevistas ou situações importantes. Mas você já quis fugir dessas situações mesmo que elas fossem imprescindíveis para você?! Você já imaginou fugir do conflito para não ter de ser rude ou se indispor com alguém mais importante que você?! Você já calculou as consequências de não levantar da cama para algo importante para sua vida?! Eu achava que eu era a única estressada, até que comecei a falar sobre o assunto e descobri que tantas pessoas enfrentam isso, que tanta gente se sente assim, que foi ficando mais fácil encarar o problema. 

É, amigos, é um problema. É um problema pois te faz desistir de viver certas coisas, e vai te acovardando. É um problema que muitas pessoas têm dificuldade em enfrentar sozinha, e precisam de medicação. É um problema que impede algumas pessoas de socializar, fazer amigos, arrumar namorado. Nossa, e o que fazer?!

Calma. Respira fundo. Este não é um texto médico mas tem informações que eu li, estudei, e me ajudaram a compreender essas sensações, e, ao longo do tempo, minimizar o efeito delas na minha vida, a ponto de conviver com a ansiedade de forma amigável, digamos assim.

Acho que a primeira coisa é reconhecer que você é ansioso. Eu não sou médica nem psicóloga, mas fui diagnosticada por um médico pelos sintomas físicos que eu apresentava. Se você acha que tem, acha que precisa de ajuda, levanta da cama e vai atrás de diagnóstico. Mas conversa com alguém primeiro. Abre esse coração pra alguém de confiança. Ansiedade não é tabu. Presta atenção aos sinais que você observa no seu dia a dia e que podem alavancar sua ansiedade. As vezes existem situações que desencadeiam os sentimentos ruins, presta atenção.

Situações estressantes são capazes de acionar uma descarga de neurotransmissores gerando sintomas de mal estar, angústia, ansiedade ou pânico. Essa liberação psíquica foi desenvolvida nos seres humanos através de inúmeras gerações, desde o tempo de fuga ou luta com predadores, seja por alimento, proteção ou território, e acontece ainda hoje, por fatores menos ou mais estressantes, conforme a interpretação psíquica que cada pessoa tem sobre as mais diversas situações ou sentimentos.

Existem muitos sinais que podem remeter aos quadros de ansiedade; os psíquicos, que variam de pessoa pra pessoa, mas podem ser nervosismo, irritação, medo de morrer, dificuldade de concentração; e os físicos, que são mais objetivos, e incluem inquietação motora, falta de ar, boca seca, sudorese, mal estar abdominal (de enjôo até diarreia), aperto no coração, tensão muscular, dores, dificuldade para engolir.

No meu caso, tive situações anteriores que se acumularam na minha vida, e eu fui “guardando”, literalmente. Não resolvi, só deixei de lado. E quando comecei a me cobrar excessivamente para render mais no trabalho, as coisas foram piorando. Ou seja, ninguém me cobrava, eu mesma fui minha própria algoz. Mas juntando as coisas tudo se potencializou, se tornando insuportável pra mim. Busquei ajuda, medicação, psicanálise, meditação, livros de auto ajuda, chás, orações. Não desacredito em nada. Tudo que me dizem que pode dar resultado eu tento.

Normalmente a experiência negativa com as crises agrava a situação, pois acaba desencadeando o medo de novas crises, tornando tudo muito difícil de administrar sozinho. Tive amigos que compreenderam meu momento e me ajudaram, tive amigos que não compreenderam e se afastaram, tive parentes que questionaram a necessidade de medicação. Mas eu aprendi que uma das fases principais da ansiedade é respeitar o que você está sentindo. Quando a gente aceita aquele sentimento sem brigar com ele, ele se acomoda. Eu me sentia culpada quando não queria sair para beber com meus amigos. Até que resolvi respeitar meus limites e me senti melhor com isso.

A psicanálise nos traz que uma das causas principais da ansiedade é a falta de elaboração psíquica do conflito inconsciente, ou seja, você ignorar aquilo que você não compreende. E essa não elaboração pode gerar um excedente psicossomático responsável pela descarga dos neurotransmissores no organismo. A psicanálise ajuda a restaurar a capacidade de compreensão dos conflitos até torná-los conscientes. Ufa! Até entender tudo isso é um pouco complexo, né... Mas o mais importante na minha trajetória com a ansiedade foi decidir que eu queria melhorar, decidir que eu não queria mais sofrer com isso, decidir que eu poderia ser uma pessoa melhor não apenas quando superasse a ansiedade, mas convivendo com ela. Ainda estou em tratamento, e ouvi de uma psicanalista que não existe essa coisa de cura, mas sim existe viver de acordo com o que é melhor pra gente. 

Espero ter ajudado a minha amiga, e quem mais precisava compreender a ansiedade. Se alguém tiver mais dicas compartilha com a gente, estamos ansiosos! :)