Geração Y e a escada do sucesso


Como vocês já sabem, a moça que escreve sobre carreira e trabalho na família não sou eu, é a dona Bibi. Porém, fui desafiada mais uma vez por uma amiga a escrever sobre a nossa geração e suas expectativas, e a relação confusa que estas expectativas geram para com o mercado de trabalho. Então, vamos lá: Já se sabe, por todos os estudos que aparecem em infinitos textos, que a geração Y tem as seguintes características: Grande ambição, Expectativas altas sobre si mesmos, Acesso ilimitado a redes sociais.
O maior acesso a informação permite que todas as pessoas tenham a possibilidade de fazer escolhas que que contribuam para uma vida melhor e mais longa. Ou seja, o acesso a informação não tornou ninguém mais inteligente, mas permitiu que aqueles que desejam, busquem mais facilmente os conteúdos que possam contribuir com seus anseios, e construir uma base mais sólida de suas verdades, digamos assim. Voltando as características dos jovens, a grande ambição não seria um problema, o problema é a combinação disso com expectativas altas sobre si mesmos, o que em muitos casos é como querer ser rei sem ter nascido em uma família real. Explico: nossa geração tem pais que geralmente se esforçaram muito para conseguir chegar onde queriam, que conquistaram certa estabilidade econômica e não queriam que os filhos passassem as mesmas dificuldades, então, nos cercaram de tudo do bom e do melhor (conforme isso era possível). Isso é positivo, até certo ponto, porém, por outro lado, fez com que desde pequenos achássemos que merecíamos as coisas. Não tivemos lições, ou pelo menos não tivemos lições suficientes, sobre esforço, meritocracia, frustração, coisas que fazem parte de uma vida normal. Tenho certeza que todos perderam em algum momento, mas as perdas eram acalentadas, amenizadas digamos assim. E muitos cresceram acreditando que elas não faziam parte do contexto da vida. Ou pelo menos, não associaram isso a vida profissional. Então, fizemos faculdade, muitos especializações e cursos e viagens e intercâmbios, e quando chegamos no mercado do trabalho e os chefes ou superiores passaram a negar as coisas ou demandar mais esforço, ninguém achava necessário passar por aquilo, e/ou mudava de emprego ou entrava em crise com sua carreira, achando ser um problema, talvez, de vocação. Afinal, as expectativas sobre si mesmas eram altas, os Y se achavam muito especiais para ralar, ou para se esforçar como seria necessário, achavam que as habilidades e dons deveriam ser automaticamente reconhecidas, e saíram em busca de novas colocações/vocações/carreiras. Só que isso vai gerando frustração na medida em que a idade vai passando e nos damos conta que, em qualquer emprego, é preciso esforço, dedicação, suor, entrega. E quando o acesso as ilimitado as redes sociais nos mostram que alguns de nossos amigos e colegas estão levando uma vida maravilhosa, a frustração aumenta exponencialmente. Porque alguns, obviamente, aprenderam a se esforçar, a guardar/superar frustrações e seguir em frente com mais despojamento. E também tem alguns que não mostram suas fraquezas, expondo somente a parte vitoriosa de sua vida em redes sociais, por exemplo.
Então temos alguns se dando bem, outros já compreendendo as lições e seguindo o caminho, mas uma grande maioria extremamente insatisfeita com suas próprias expectativas, com suas próprias habilidades e jogando a culpa no mercado de trabalho, na crise, nos pais.... Será que a culpa é do mercado de trabalho, que ficou mais exigente?! Dos pais que fizeram o possível para os filhos não passarem dificuldades?! Será que não há como mudar isso?! Será que não existem mesmo essas habilidades que jovens acreditam possuir?! O que fazer, então?! Eu não sou psicóloga, nem gerente de RH, nem orientadora vocacional, mas diante do que eu passei no mercado de trabalho, posso afirmar algumas coisas (incluindo alguns conselhos ouvidos em entrevistas e aprendidos ralando bastante):

Sangue, suor e lágrimas – estou exagerando um pouco, mas não existe outra fórmula para ser bem sucedido do que dedicar-se literalmente, de corpo e alma ao que se faz. Esqueça a dor nas costas, a dor de cabeça, o enterro da sua avó. Estude enquanto os outros dormem, trabalhe enquanto os outros fazem festa, leia enquanto os outros assistem TV; e se dormir chorando, acorde sorrindo.

Comece por baixo - Não é demérito algum começar por baixo. Eu repeti até me convencer: “não existe serviço ruim”. Faça uma lista do que você sabe fazer, e tente começar por aquelas habilidades que você domina. Caso não domine nada, meu bem, aprenda a fazer um bom café, pois a chance de você começar servindo café é grande, e está tudo bem. Você já pensou que péssima seria uma reunião se não tivesse aquele cafezinho?! Todas as pessoas que compõem uma empresa são importantes. Você precisa aprender a valorizar todas as pessoas. Ah, quer trabalhar numa empresa que já tem máquinas de café?! Então, próxima habilidade.

Encontre outros como você – muitas pessoas que você convive vão te desacreditar, vão te questionar, vão querer te desviar do teu caminho, seja porque já atingiram o que queriam, seja porque não querem que você atinja o seu; afasta-se delas; encontre gente que acredite em você, que torça por você, que alimente sua vida com coisas boas, e que te ajude e inspire a ser melhor.

Se esforce mais – Leia mais, sobre coisas além da sua profissão, não seja chato a ponto de só falar aquilo que você vivencia; leia outros assuntos, saiba o que acontece ao seu redor. Aprenda coisas diferentes, isso também estimula a criatividade. As vezes olhar de fora nos ajuda a compreender o que parecia difícil olhando de muito perto.

Não desista – O caminho do sucesso tem altos e baixos. Muitos desistem antes de chegar lá simplesmente porque não acreditam em si mesmos. Não se desespere. Se você não acreditar em si mesmo como quer que os outros acreditem?! Se você acha que este é seu caminho, vá até o fim. Aguente. Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam.

Tenha seu porto seguro – seja sua família, ou namorada, ou sua cama, ou seu banheiro, ou um café preferido. Não importa o lugar, mas deve existir algo que te reconecte a você mesmo, recarregue suas baterias. Seja uma paisagem natural ou sua série preferida, tem de haver algo que te coloque pra cima quando tudo o mais parecer muito difícil.

Redes sociais – Pare de se comparar com os outros, compare-se apenas com o melhor que você mesmo pode ser. É fácil estar dilacerado por dentro e postar uma foto cheia de filtros na piscina, e ganhar muitos likes, qualquer um faz. Esqueça os outros, sua jornada é sobre você. Se achar que precisa deixar de lado algumas pessoas para sua sanidade mental, faça. E se alguém te questionar se faça de desentendido. Você não precisa que alimentem sua negatividade.

Não se conforme – Se você já se esforçou e deu o seu melhor e ainda assim não chegou lá, converse com gente mais inteligente que você, buque novos desafios, tente ir mais longe. Você não é uma árvore plantada naquele lugar, mexa-se!

Para finalizar: um estudo de Harvard que eu sempre releio diz que mesmo que as máquinas substituam muitas profissões no futuro, ainda iremos precisar de gente, de preferência que entenda de gente, e que domine habilidades como flexibilidade, empatia e cooperação. Em qualquer posição ou carreira que você seguir, busque compreender esses aspectos. Eles podem ser um diferencial a te conduzir onde você quer chegar.



RESUMO DA SEMANA:

Santa Maria a Itaqui - 355 km
Itaqui a Maçambará - 35 km
Maçambará a Santa Maria - 340 km


Escada da Lancheria do Posto Batista: nossa parada em Santiago, metade do caminho para a fronteira, há mais de 30 anos. Frequento este posto desde quando havia uma arara azul embaixo dessa escada <3 Parece a escada do sucesso, né?!


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