Audaciosos, Insatisfeitos e outros corajosos


Quem tem medo de falar em público?!


Esses dias li uma reportagem sobre discalculia, um distúrbio semelhante a dislexia, porém na discalculia a pessoa tem dificuldades com números, operações matemáticas e coisas do tipo. Talvez se o distúrbio tivesse sido identificado a mais tempo eu teria me encaixado no grupo, tamanha a dificuldade que eu tinha no segundo grau do colégio em passar nas matérias matemáticas. Meus professores de reforço e colegas pacientes explicavam, explicavam, explicavam, eu fazia tudo direitinho, chegava na hora da prova, errava tudo! Ok, talvez fosse mais uma síndrome do pânico na “hora da verdade” que um problema com números, mas acontecia só com a matemática. Na faculdade de Administração também foi assim, rodei duas vezes em matemática e em matemática financeira, e então tive a audácia de me formar engenheira agrônoma. Pois é, na Agronomia, eu passei em Matemática, Ajustamento de Observações Geodésicas (o cálculo era uma folha inteira!), Hidráulica, Agroclimatologia, Economia Rural, entre outras. Tudo na minha vida convergia para números. Nutrição Animal tinha cálculo, e acredite, eu superei. Ok, admito, peguei exame em quase todas, mas era uma forma de aproveitar mais a faculdade pública e de qualidade (Agronomia da UFSM é conceito máximo pelo INEP). Mas o que isso tem a ver?! Bom, para uma pessoa com dificuldades persistentes em Matemática virar Engenheira me parece uma virada e tanto. Mas se você ainda não entendeu meu ponto, aqui vai mais um exemplo pessoal... Quando completei 08 meses na multinacional que eu trabalhava fui chamada para uma grande entrevista para subir de cargo. Me preparei muito, dirigi os 750 km de Passo Fundo a Londrina, passei a etapa da apresentação pessoal, liderei o grupo na dinâmica em grupo, porém na hora da apresentação do grupo... Branco completo e total. Gaguejei, me faltou ar, tremia sem conseguir pronunciar uma palavra. Queria que abrisse um buraco no chão me engolisse. Fui eliminada antes de falar, pelo meu nervosismo. Eu não estava pronta, é um ponto. Mas para uma pessoa tão expressiva e comunicativa, falhar nesse nível foi humilhante. Nem os dois anos praticando aula de canto no final da faculdade serviram para alguma coisa. Voltando de lá e analisando minha vida, eu tomei uma decisão. Decidi que nunca mais perderia pra mim mesma. Poderia perder para outras pessoas, mas para mim mesma, nunca mais! Busquei o melhor curso de oratória da região e levei muito a sério as aulas e temas de casa. Completei o curso com destaque. E passei a me oferecer em todas as oportunidades para apresentar e palestrar, o que quer que fosse. Mesmo na frente do cara que eu considero um dos agrônomos mais fod* da pesquisa nacional, eu palestrei sobre milho para os consultores das minhas cooperativas. Sem gaguejar. Porque compreendi que o mais importante diante de uma limitação é decidir seguir em frente. Isso não significa que eu sempre fui brilhante dali em diante. Mas eu nunca mais me deixei abater pelo medo de errar. E isso me ajuda a seguir em frente. Na última vez em que fui a uma entrevista, e também quando apresentei um projeto na frente de todos aqueles que me viram gaguejar e falhar, deixei todos boquiabertos com minha apresentação. Sem falsa modéstia. Escrevi sobre isso no fim do ano porque é época de retrospectivas e balanços, época de olhar para trás e ver onde erramos e onde acertamos para seguir em frente. Ninguém está imune ao erro, mas se você lutar para melhorar você tem grandes chances de superar a si mesmo. Seja qual for o que te limitou nesse ano de 2017 (ou nos anos anteriores), vamos buscar inspiração em todas as vezes que falhamos, sem nos sentir culpados ou diminuídos, mas olhando com compaixão para nós mesmos, e sabendo que depende tão somente de nossa coragem e inspiração interiores para buscarmos superação. Para que com graça possamos deixar boquiabertos aqueles que nos viram falhar e dar aos que nos inspiram motivos para nos admirar. Tenhamos coragem para vencer os nossos medos e audácia para superar a nós mesmo! 


Apresentando sobre milho, com o um dos caras que mais admiro (de boné marrom, a esquerda) na platéia.

Microfone e púlpito nunca mais foram problema.


A temida apresentação de projeto na frente de muitos que haviam me visto gaguejar, e dessa vez, foi tudo tranquilo.

E você, também tem problemas com matemática?! Ou com falar em público?! Acredite em mim, tudo é superável com determinação e coragem!


Comentários

  1. Tive o privilégio de vê-la falando em público algumas vezes, com uma desenvoltura louvável. Parabéns por vc ter conseguido superar o nervosismo e hoje ser uma excelente oradora e agora excelente blogueira .

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  2. Parabéns Noelle!!! Precisamos estudar sempre para evoluirmos. Bj

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