Você é bom no quê, mesmo?!


Você entende a importância da arquitetura da planta?! Como ela influencia a aplicação de químicos?!

Quando escrevi sobre meu ponto de partida (minha experiência em trabalhar com minha família), eu, de certa forma, estava tentando demonstrar que o emprego dos sonhos vai muito além daquilo que a gente imagina. Eu imaginava que minha vida seria mais fácil trabalhando com a família, eu imaginava que era só daquilo que eu gostava... Realmente, depois de todas as experiências que eu tive, sei que trabalhar na lavoura é uma das coisas que eu mais gosto dentro do universo agronômico. Mas tive que trabalhar em muitas outras para ganhar dinheiro, e aprendi que meu emprego dos sonhos pode ser composto por outras variáveis também, além da lavoura. Hoje eu sei que gosto de palestras, que gosto de lidar com pessoas, que gosto de vendas, que gosto bastante da parte de desenvolvimento de produtos, de marketing, etc.
Quando estamos começando uma trajetória, independente da área de atuação, não somente no agro, temos de ter em mente aonde queremos chegar; mas também temos de ter claro que nenhum objetivo é atingido de uma hora para outra. Tudo é construção, um tijolo por vez. Com uma carreira, não é diferente; aquelas frases repetidas sobre estudar quando os outros fazem festa, trabalhar enquanto os outros dormem, são todas verdadeiras. Se você passou a faculdade fazendo festas, vai ter de correr atrás do prejuízo depois. Todos os dias são necessárias escolhas, todos os dias você precisa lembrar a si mesmo porque está ali, porque escolheu esse caminho. E você precisa ter foco! Foco no que você faz, em ser melhor a cada dia, e acreditar que você vai alcançar.
Geralmente quem escolhe o agro por ter alguma ligação, sente-se fortalecido diante das vivências, da rotina, da paisagem, ou, como se diz, amassar barro, plantar, colher, medir, montar “lado a lado”, tudo isso nos alegra o coração, a gente faz sem cansar. Mas tem dias difíceis também. Dias em que todo mundo parece com a vida ganha e a gente fica se perguntando “será que só eu ainda não cheguei lá?”. Dias de cansaço, que dá vontade de largar tudo e recomeçar. Aquele dia em que dá tudo errado... Mas, de novo, respira fundo, não pode desistir! Você deve se cercar de pessoas que alimentem seus sonhos junto com você, gente que seja como você deseja ser, para se inspirar, trocar ideias, ver coisas dando certo na prática, e pessoas que lhe digam onde você precisa melhorar. Feedbacks são extremamente importantes! Eu ouvi de uma coaching de carreiras que a maioria dos jovens não quer saber como está indo nas seleções... Como assim?! O que eu mais quero é saber meu desempenho, para avaliar onde posso melhorar!
A Vanessa Sabioni, do AgroMulher, fez uma série de vídeos no insta falando de carreiras, e em alguns ela fala sobre auto conhecimento, algo que eu bato sempre por aqui... Você precisa se conhecer! Saber no que você é bom, no que você não é tão bom, e no que você precisa melhorar! Pra mãe da gente, a gente é sempre lindo(a), mas o mundo ali fora não é maternal... O mundo ali fora bate com força, se você não está preparado para ouvir críticas, se desconhece sua base, pode facilmente ficar inseguro, ou agir em descompasso com a necessidade do momento. E quando você se conhece, você busca aquilo que te fortalece e te reforça: cursos, especializações, palestras, livros, amigos, gente que alimenta seus sonhos e objetivos, num círculo virtuoso.  
Então, meu conselho para quem está começando sua trajetória, ou recomeçando, como eu, é o seguinte: conhece a ti mesmo! Pode ser profissionalmente com psicóloga, coaching, recrutadora, etc, ou informalmente com algum amigo mais inteligente e perspicaz, não importa como, mas busca de alguma forma saber no que você é bom, quais suas habilidades, se você é melhor como líder ou liderado, se você sabe trabalhar em grupo, se você é bom em negociação... As empresas no agronegócio gostam muito de apresentação pessoal seguida de dinâmica de grupo; já falei aqui sobre o medo de falar em público, e sobre as dinâmicas, o objetivo é sempre ver como você negocia, como trabalha em grupo, como reage com negativas e sob pressão. É como uma encenação da vida real. Ninguém nasce sabendo, mas a gente só aprende vivendo e acumulando experiências. Então recomendo começar o quanto antes! Nem todos os empregos começam pagando bem, mas lembre-se, você também não sabe muito para exigir mais por seu conhecimento. Por isso, muitas vezes, a gente acaba tendo que trabalhar em algo que, inicialmente, a gente não gosta muito, porém, aquelas habilidades são a chave para o emprego dos seus sonhos. 
A grande maioria das pessoas que me inspiram no agronegócio começaram trabalhando como trainee, estagiário, assistente... Ninguém começou como gerente, coordenador, dono da empresa. E eu aprendi, e repito sempre, não existe serviço ruim. Tudo te ensina alguma coisa! Aí entram as habilidades paralelas: você é bom com pacote office (Excel, PowerPoint, etc)?! Você sabe plotar em AutoCad?! Corel?! Fazer medição com GPS de mão?! Extrair informações das interfaces da Agricultura de Precisão?! Pilota drone?! Dirige trator?! Dirige caminhão?! Sabe a diferença entre um saco de soja e um saco de sementes?! E de venda de commodities?! Legislação, licenciamento, ambiental, financiamento bancário?! Eu nem perguntei a diferença entre cooperativa e revenda, redistribuição, você sabe negociar com cliente “one-to-one”?! Então, meu amigo, minha amiga, colega de profissão, caro leitor: arregace as mangas, e vamos em frente! Ainda temos de aprender sobre marketing pessoal... Mas isso é assunto para outra volta!


(Ficou extenso, mas espero que você tenha lido até aqui e tenha fôlego para me dizer o que achou!)

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