"Você sabe do que está falando?!"


Tenho usado bastante o Instagran @nononaestrada para falar de assuntos técnicos, e deixado o espaço aqui do blog para textos mais opinativos, digamos assim. Mas os dois meios de comunicação seguem ativos, vamos interagir! Tô esperando tua curtida e teu comentário!

Você pratica o que fala?! Você sabe o que está falando?!

Final de semana teve churrasco no pai e eu e meu avô enveredamos pelo assunto da soja, como sempre. Deixa eu esclarecer alguns pontos: minha família cultiva arroz há mais de 60 anos, numa região em que o solo é propício para o cultivo desse grão. Sim, a soja avança a passos largos na campanha e fronteira oeste, porém, precisamos considerar muitas questões como física e química do solo, preparo do solo para o cultivo do arroz bastante diverso do preparo pré soja, dificuldade de inserção do milho no sistema, irrigação, etc, etc, etc, enfim... Com isso em mente, ou seja, muitos obstáculos, meu avô, do alto dos seus 83 anos, se aventura na soja em plena fronteira oeste, e sempre em busca de melhorar seu plantio. Posto isso, conversávamos sobre como seria a próxima safra, e ele comentou sobre um produto "novo" que haviam falado pra ele. Embora continuamos nossa discussão, mediada pelo meu tio, e falando até de outras coisas, confesso que essa frase me fez pensar, e muito, sobre a qualidade da assistência técnica que minha geração vem prestando aos produtores. Não questiono as pessoas que dão assistência ao meu avô, até porque muitos tiveram a paciência durante os verões de me levar pra fora e me ensinar tantas coisas, mas falo dessa nova geração, na qual me incluo, que com um smartphone na mão se acha grande coisa, e pouco demonstra saber realmente.
Primeiro ponto: não saímos da faculdade capacitados. Embora a academia ofereça inúmeras oportunidades de estágios e experiências, ainda assim, a grande maioria delas não abarca a realidade de cultivo, que são distintas mesmo dentro de nosso estado, que dirá país; as disciplinas mencionam vagamente a gestão (conteúdo indispensável em qualquer carreira); dependendo da universidade/faculdade, as disciplinas do quadro escolar variam muito, focando solos, outras fitopatologia, outras manejo animal, e por aí vai; e o senso crítico acerca do mercado e produção é pouco desenvolvido; entre tantos outros aspectos.
Segundo ponto: caímos no mercado de trabalho, contando com a bondade do primeiro "chefe" ou empregador, que nem sempre tem paciência de desenvolver a criatura recém cuspida da academia; no meu caso, saí achando que sabia tudo e que meu futuro estava garantido, e "caí do cavalo", isso sim. Tive que ralar muito para chegar onde estou, trabalhando e aprendendo na marra.
Terceiro ponto: evoluindo na carreira, adquirindo alguma experiência, e então muitos chegam na zona de conforto, onde ganham um salário bom, tem seus clientes, e pronto. Não se esforçam mais. A culpa passa a ser do mercado, do clima, do ataque de ferrugem, da epidemia de lagartas mutantes, dos embargos da China, do Trump, e por aí vai... Não! Pera! Se saímos da academia sem experiência, mas optamos por continuar sem ela, a culpa é tão somente nossa! Não existe culpa externa, é preciso chamar a responsabilidade para si mesmo... Depois que me formei, busquei conhecimento?! Onde busquei esse conhecimento?! Quais minhas referências?! Vou assistir às palestras pra aprender algo melhor ou pelo churrasco depois?! Será que eu cumpro protocolo da multinacional ou desenvolvo conhecimento acerca das moléculas, micronutrientes e cultivares, e sou capaz de recomendar assertivamente algo?! ... 
Hoje atuo em outros segmentos do agro que de certa forma validam aquilo que aprendi a campo, e a vivência a campo me ajuda a validar do que trabalho hoje. É uma retroalimentação dos conhecimentos, digamos assim. E eu me pergunto diariamente se sou capaz de dar conta de uma lavoura, e embora hoje sem o pé no barro, me sinto mais capaz de conversar honestamente com um produtor do que quando comecei minha trajetória de botinas. Porquê?! Porque eu tenho segurança nas coisas que aprendi, e no que eu vivi, e não tenho medo de dizer que não sei e que vou buscar a informação correta. Não tomo por verdade as "fake news" que inundam o mercado, mas sim questiono, busco a fonte, comparo até o fim, buscando a verdade. Estou certa?! Não sei, talvez o tempo me mostre a verdade, mas desconfio que estou mais perto da verdade do que quando comecei essa jornada.


Muitas vezes eu fui a única mulher em um treinamento, e nunca me deixei intimidar: participava, questionava, e com certeza aprendi em tudo que me meti a fazer. Acho engraçado quem paga um curso, ou quem ganha um treinamento e vai "fazer número", cumprir horário, e ainda atrapalha os demais... Melhor dar a oportunidade a outro, né!

E você, o que acha da qualidade da assistência técnica atual?! Será que estamos cumprindo nosso papel?! Me conta!





Comentários

  1. Muito bom Nonô... “Somos livres para nossas escolhas: então o NOSSO sucesso tem boa dose de mérito, e no fracasso temos a NOSSA parcela de responsabilidade”. Adelante!!!

    ResponderExcluir
  2. Depende muito, pois alguns profissionais estão presos a uma só empresa. O que busco sempre fazer é levar pro cliente a melhor solução independente de ser da empresa que eu represento ou não. Acredito que assim se ganha a confiança.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigada por seu comentário!